sábado, 1 de dezembro de 2012

COMO UM BOATO VIRA UM “FATO”

Há uns dias recebemos uma ligação em casa, para saber que horas seria o enterro de um amigo muito querido. Ligaram para nós devido aos vínculos de amizade com o “falecido”. Minha mulher, sensível e afetiva, “rompeu em prantos” (frase mais antiga!). Peguei o telefone da mão dela e a pessoa do outro lado falou que recebeu a noticia do falecimento de “gente séria e de confiança”. Como eu não havia tido noticias da morte do provável falecido e as informações recente que eu tinha era de que ele estava bem, duvidei da “informação”. Assim liguei para a família. Não liguei direto para o “defunto”, pois tenho medo de fantasmas. Vai que o morto atende. Quem iria ter um treco seria eu. Bom, a família não sabia da morte de ninguém. Pelo contrário, o cara estava muito bem. Outra morte foi a minha. Certa vez eu estava na Praça central de nossa cidade quando um amigo me chamou, perguntando se eu estava vivo. Como eu não sabia de minha morte, afirmei que estava vivinho. Na verdade ele recebera a informação que eu havia falecido e estava já enterrado. Outra vez ligaram em casa para saber de meu filho, pois havia corrido a informação de sua morte! Falei que não era verdade. O interlocutor ainda perguntou se eu tinha certeza! Só pude dizer que se meu filho tivesse morrido sem me avisar eu nunca mais falaria com ele! Em realidade havia falecido um rapaz da mesma idade e mesmo nome. Como estes boatos quase viraram fatos? Simples. Alguém ouviu falar. Contou para outro, como se estivesse presente e fosse testemunha ocular do evento. “Fiquei sabendo pelo primo da tia de um amigo de minha irmã”. Pronto! Uma verdade esta criada! Outra história: uma pessoa afirmou para ter visto alguém conhecido em uma boate gay em São Paulo. Primeiro: o que eu tenho com isto! Segundo: o que o relator do fato estava fazendo em uma boate gay, já que ele se dizia macho e tentava denegrir a imagem do outro? Isto na época em que seria um absurdo, quase um crime ser gay. Quantas famas falsas de ladrão, corno, gay, incompetente, endividado foram criadas por alguém que “tem certeza”, pois “o tio da prima da minha cunhada viu e confirmou”? Um boato só vira um “FATO” quando tem alguém para reproduzi-lo! O estrago será menor quanto menos pessoas reproduzirem o relato. Mas, como diria meu colega, Dr. House: “todos mentem”, eu ouso dizer “TODO MUNDO GOSTA DE UMA FOFOCA”.