quinta-feira, 14 de julho de 2011

O MÉDICO QUE ESPERA

Vou fazer um desabafo! Não aguento mais os chás de cadeira que levo de alguns clientes. Eu sei que quase todo mundo reclama do tempo perdido em sala de espera de consultórios. Eu sou um chato quanto a horário. Juntou o que aprendi com “Seu João”, meu avô, que chegava uma hora antes em todo compromisso, com vários anos como militar. “Dez horas não é dez e um, nem um minuto para as dez”, era (acho que ainda é!?) o que ouvíamos e falávamos no quartel.
Chego antes do horário em meus compromissos, aí incluído o consultório. Pode haver atraso? Pode! Imprevistos acontecem. Só que não todo dia. Eventualmente podem ocorrer. EVENTUALMENTE!!!
Hoje, por exemplo, minha primeira consulta estava marcada para 09:30. É meu horário normal de inicio do turno da manhã. Cheguei às 09:25. O primeiro cliente já estava esperando. Chegou antes! Atendi imediatamente. O segundo cliente estava marcado para as 09:451 São 10:00 horas. Ele não chegou e não avisou se vem ou não. Quando acontece comigo os imprevistos citados acima, ligo avisando. Acho que é uma questão de respeito.
Por exemplo: na última terça-feira, os quatro primeiros clientes atrasaram. Conclusão: uma hora de atraso nas consultas. Houve, ainda, duas consultas emergenciais. O resultado final foi que, nas últimas consultas, o tempo de espera passou de uma hora! E estes clientes já entravam na consulta olhando de cara feia, SEM SER CULPA MINHA. E ainda por cima acabei “almoçando” uma barra de cerais, no carro, indo para a Unimed.
Por outro lado, a média de clientes que faltam à consulta sem avisar, mesmo tendo confirmado a consulta, é de mais de 25%. Ou seja, a cada dez consultas marcadas, quatro faltam sem avisar.
Se alguém quiser retrucar com o argumento de atraso de seus médicos, respondo, antecipadamente, que falo por mim. Não posso responder pela conduta de outros.
Falei que seria um desabafo. E foi!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

QUEM TEM MEDO DE “CORTISONA”

Alguns clientes têm um verdadeiro pânico do uso de um grupo de medicamentos chamados de corticoides (que as pessoas chamam de cortisona). Já ouvi de tudo, até que “derrete o coração”. Mas o que verdade ou mentira sobre este importante e extremamente útil grupo de medicamentos?
Primeiro, os corticoides não são apenas remédios. O nosso organismo produz o CORTISOL (um tipo de corticoide), em duas glândulas que ficam em cima dos rins, sendo, por este motivo, chamadas de GLÂNDULAS SUPRARRENAIS. Este hormônio exerce influência natural sobre o crescimento, na eliminação e retenção de líquidos, no metabolismo de proteínas, das gorduras e da glicose (influenciando assim o ganho e perda de peso), na cicatrização, na imunidade, entre outras coisas.
Na quantidade certa o cortisol é fundamental para o perfeito funcionamento do corpo. A falta destes hormônios, assim como seu excesso, causa doenças graves conhecidas como Doença de Addison e de Cuching, respectivamente.
E os corticoides remédios? Estes são PRODUTOS SINTÉTICOS, na sua maioria bem mais potentes que o cortisol. Existem várias substâncias diferentes, em diversas formas de apresentação: tópicos (cremes e pomadas), injetáveis, inaláveis, orais (comprimidos, líquidos, gotas), colírios e gotas nasais. Nestas formas de apresentação podem estar isolados ou associados a outros medicamentos.
Estes produtos são INDICADOS em diversas doenças: asma, alergias, lúpus, rinite, sinusite, artrite, leucemias, linfomas, nefrite, dermatite, gota e muitas outras. Reparem que eu falei que tem INDICAÇÃO, ou seja, são MUITO ÚTEIS, constituindo uma importante classe de medicamentos.
Mas e a história que eles fazem mal? Bom, todo remédio tem efeitos colaterais. Os corticoides têm vários (MUITOS) e alguns graves. Quer saber quais são? Tem certeza? Então está bom. Vamos lá: estrias, acne, pelos anormais, obesidade, retenção de líquido, pressão alta, aumento da glicose do colesterol, diminuição da imunidade, osteoporose, distúrbios do crescimento, entre outras.
Então quer dizer que não devemos usar os corticoides? Nada disso. Se há necessidade, tem que usar! É a tal da INDICAÇÃO, à qual me referi acima. Mas e os efeitos colaterais? Estes irão depender da dose, da forma de administração e do tempo de uso. Ou seja: doses baixas ou descontinuadas têm muito pouco risco de causar problemas. Felizmente, na maioria das vezes é assim que os corticoides são utilizados. Mas e se for necessário o uso continuo e com doses elevadas? Existem doenças que exigem esta conduta, devido à sua gravidade. Vamos ter que usar e tentar controlar ao máximo os efeitos colaterais. Mas veja que o “mal” da história não é o remédio e sim a doença. Concorda? Vamos, agora, ver alguns detalhes sobre estes remédios.
O uso descontinuado não tem efeito cumulativo. Por exemplo: alguém, quando criança, usa corticoide para CRISES DE ASMA, por períodos de poucos dias, de tempos em tempos, como é comum. Se não apresentou efeitos colaterais durante o uso estes não irão surgir depois de adulto. Assim, quando escuto que “estou gordinha por ter usado muito corticoide quando criança”, tenho certeza que é uma bela desculpa, mas não a realidade.
Quando usado por muito tempo não podemos parar abruptamente o uso. O uso prolongado inibe a produção natural do cortisol, assim a dose deve ser reduzida gradualmente, para dar tempo do organismo voltar a produzir o hormônio. Quando usado por menos de cinco dias ou como spray, em doses normais não precisa fazer redução gradual da dose.
Existem formas mais seguras de corticoides. Esta segurança foi alcançada por algumas mudanças, tais como forma de administração (os sprays ou bombinhas são mais seguras que os por via oral), vida média mais curta da substância (fica menos tempo no organismo), dose única diária (reduz a inibição da produção natural do cortisol).
Desta forma podemos concluir que os corticoides são úteis, devendo ser usado conforme orientação do seu médico, sem medo, pois na dose adequada, pelo tempo recomendado, com indicação precisa será um excelente aliado na busca por uma melhor QUALIDADE DE VIDA.
OBS.: Este texto foi escrito a pedido de uma cliente, a Camila. E aí, Camila? Era isto que você queria?

domingo, 3 de julho de 2011

Você telefona para seu médico?

Ninguém discorda que o telefone é uma importante ferramenta de comunicação, principalmente depois do advento do (maldito) celular. No que diz respeito à profissão médica é, de uma certa forma, uma segurança para os clientes saber que poderão encontrar seus médicos a qualquer hora. Mas existem algumas regras (até de etiqueta) que devem ser seguidas. Primeiro, você deve perguntar ao seu médico se você pode ligar a qualquer hora. Se ele está com o celular ligado o tempo todo. Se ele liberar você para ligar a qualquer hora, lembre-se que o médico tem o direito de fazer o que todo ser humano faz, algumas coisas com privacidade. Por exemplo, ele pode estar ao volante. Falar ao telefone enquanto dirige é arriscado e pode dar multa! Pode estar atendendo ou em cirurgia.
Desta forma a sua primeira frase deve ser: "Bom dia, doutor. Aqui é Fulana(o), seu cliente. O Sr. pode falar agora. Posso ligar outra hora?"
Ao ligar tenha todas as informações necessárias à mão. Fica dificil o médico identificar você quando diz que "aqui é a mãe da Laura"! Que Laura? Assim procure algo que seja mais caracteristico: "aqui é a Maria de Souza, mãe da Laura, que esteve com o Sr. ontem."
É, também, fundamental que tenha em mãos as últimas receitas, além de papel e caneta, para eventuais anotações. É complicado quando alguém liga e depois deixa o médico na linha enquanto espera que pegue a caneta: "Paulinho. Corre para pegar um lápis. O Dr. está com pressa!"
Outra coisa que você deve saber: É PROIBIDO FAZER CONSULTA POR TELEFONE. É falta ética grave. Mas, então para que serve o telefone: serve para tirar alguma dúvida. Saber o que fazer no caso de um problema. Onde ir. Saber se seu médico pode atender naquele momento. Relatar uma reação ao medicamento. Comunicar o resultado de um tratamento. Coisas deste tipo.
Se o médico pedir para ligar daqui a quinze minutos, não ligue daqui a quatro horas. Ligue daqui a quinze minutos. Ontem uma cliente me ligou durante uma reunião. Pedi que ligasse às dez em ponto. Ela ligou às DEZ, certinho. E eu atendi.
Se você seguir estas "regras" evitará ansiedade e terá um relacionamento bem interessante com seu médico.